domingo, 25 de janeiro de 2009

A Lei



"A Lei" - Óleo s/ tela

Nesta tela foi usado o efeito "claro-escuro", técnica utilizada, principalmente, pelos pintores do período barroco, compreendido entre o fim do século dezesseis, até meados do século dezessete, caracterizado pelo "contraponto", ou seja, luz e sombra, por exemplo, na pintura. Também usou-se na música e poesia.Os esboços iniciais foram feitos diretamente na tela, e depois aperfeiçoados á carvão, sem desenhos preparatórios (fora da tela). Método usado também por vários mestres do período barroco italiano. Caravaggio, por exemplo, esboçava diretamente na própria tela, com tinta óleo e ás vezes um punhal era substituído pela espátula.O tema em si, é o mesmo que sempre se usa para representar a justiça: uma mulher com uma venda nos olhos, uma balança em uma mão, e uma espada na outra; entretanto, se destaca pela relevância de simbolismos de iluminação, disposição de objetos, posição das mãos e vestimenta. a dama se apresenta numa postura contorcida, pernas para a direita, braço esquerdo com a balança no alto, contrasta com o braço direito, abaixado, com a espada. Representar as figuras em movimento, e em posições "racionalmente" elaboradas, proporcionam uma graça e uma elegância muito agradáveis aos corpos na pintura. A mulher representa a Lei, e está entre duas colunas que representam a Justiça e Misericórdia, os dois pilares em que a Lei se baseia para julgar. Ela senta numa espécie de pódio com três degraus, simbolizando os três poderes, junto dela está uma ampulheta, o tempo de cada um para prestar contas. A balança é usada para pesar as boas e más ações daquele que é julgado. A espada serve para punir aquele que, na balança, pese oprato das más ações; no entanto, a Lei empunha a espada de uma forma desajeitada, pela lâmina, de onde corre um fio de sangue de seu dedo ferido, representando que a lei terrena pode ferir a si mesma quando faz uma punição injusta. A mesma lei terrena é simbolizada pelo seio descoberto, impúdico e imoral; enquanto que o seio coberto representa a Lei Divina, o pudor, a virtude, e está coberto pelo tecido branco, representando a pureza. A venda nos olhos é a imparcialidade, o livro sob a espada, é onde se anota as boas e más ações daquele que é julgado, se é maior o peso das más ações, será punido pela espada.
Com relação as cores, o vermelho do vestido nos indica o perigo de se transgredir a Lei; o azul nos lembra a terrível divindade hindu, Shiva, que aparece representado nessa cor, e que pune severamente a desobediência, segundo a mitologia.
O crânio em um dos degraus é , talvez, a parte mais importante de toda simbologia, alegorizando a morte, mas não a morte como conhecemos e sim a morte do transgressor, do aspecto psicológico que não respeita as leis; nas culturas antigas, como a egípicia, por exemplo, a caveira representa também a renovação, quando morre o eu psicólogico, a transformação de uma pessoa injusta, em uma pessoa renovada, com plena consciência, e se torna um rigoroso juiz de si mesmo.
Cesar Morais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário